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sábado, 3 de dezembro de 2011

Angiogênese Tumoral

Apesar de ser uma célula anormal, a célula tumoral continua necessitando constantemente de nutrientes e oxigênio para continuar viva. O tumor continua crescendo até que, em certo momento, o aporte de oxigênio que o nutre não é o suficiente para que continue se expandindo e nutrindo as células tumorais que o constituem. Até este ponto ainda, não se observa uma massa tumoral evidente. Para resolver esse problema suas células emitem um sinal extracelular para que novos vasos sanguíneos sejam gerados e orientados ao tumor com a fim de nutri-lo para continuar seu crescimento. Esse processo é conhecido como angiogênese tumoral.
De uma maneira mais simples, podemos entender como isso acontece fazendo uma comparação. Vamos imaginar uma pequena cidade. Nela tudo funciona bem e todos têm acesso à alimentação e energia elétrica. Como ninguém tem muita dificuldade, sua população começa a crescer cada vez mais. Ela cresce tanto que começa a faltar alimento e eletricidade para alguns. A partir desse momento, é preciso que se tome alguma medida para que se continue crescendo harmoniosamente, sem faltar recursos para seus habitantes. Então, começa-se a investir em novas áreas para gerar alimentos e numa melhor distribuição da rede elétrica. Sendo assim, tomadas as devidas medidas, a cidade pode continuar crescendo sem problemas.
Entendido o porquê do processo, podemos agora ver como ela se desenrola. As células tumorais, ao se verem com insuficiência nutricional, falta de oxigênio (hipóxia) e taxas elevadas de CO2 (gás carbônico) e NO2 (óxido nítrico), são induzidas a produzir algumas proteínas de sinalização extracelular, como VEGF (fator de crescimento endotelial vascular) e bFGF (fator de crescimento fibroblástico básico). O VEGF liga-se à receptores das células endoteliais constituintes dos capilares sanguíneos e estimulam a sua proliferação em direção ao potencial tumor. O bFGF atua da mesma forma em fibroblastos, transformando-os em neoplásicos e também estimulando a nova capilarização.
Análises apontam para a distinção entre três formas de vasos gerados pelo processo. Um com paredes finas derivados de capilares, um sem endotélio e revestido por células tumorais e outro de aparência comum. Além disso, alguns vasos irrigam apenas a periferia tumoral, enquanto outros penetram no tecido doente para nutrir seu interior.
Um fato de grande importância é que, além de nutrir o tumor, os novos vasos gerados acabam se tornando vias por onde algumas das células tumorais podem se espalhar pelo corpo, provocando a conhecida e temida metástase. Por serem células sem muita aderência e pelos vasos criados terem paredes frágeis, facilmente ocorre o transporte destas pela corrente sanguínea.
Percebe-se, claramente, o importante papel da angiogênese na evolução do tumor e no processo metastático. Sendo assim, o uso de fármacos que impeçam a formação de novos vasos para nutrir o tumor estão sendo alvo de pesquisas que prometem ser um grande adversário do câncer. Dentre elas encontramos o Bevacizumab (Avastin ®). Ele é constituído por anticorpos monoclonais que atacam o VEGF e, por isso, combatem a angiogenia.
Quem sabe, no futuro, com novas pesquisas e resultados, possamos entender profundamente como o processo de neovascularização tumoral acontece e possamos ter mais uma ferramenta para combater o câncer?



Postado por Raphael Jinkings

Um comentário:

  1. Poderia exclarecer-me como atua o HIF nas células tumorais e nas células normais, respetivamente. Agradecia :)

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