Fungo do gênero Aspergillus |
Aflatoxina é um tipo de micotoxina produzida por fungos do gênero Aspergillus, desenvolve-se principalmente em amendoim, milho, nozes, arroz, algodão, entre outros. Atualmente, em média 17 compostos são designados pelo termo aflatoxina, neste post será falado sobre a aflatoxina B1 (AFB1). Esta apresenta alta toxicidade tendo um caráter mutagênico e carcinogênico, que afeta principalmente o fígado. Por isso, a concentração de aflatoxina presente em alimentos derivados do amendoim, por exemplo, começou a ser controlada, no Brasil o limite dessa substância é de 20 mg por quilograma do alimento. A absorção das aflatoxinas ocorre no trato gastrointestinal, porém sua transformação ocorre no fígado durante o processo de detoxificação. Para que os efeitos tóxicos da AFB1 sejam manifestados, ela é ativada metabolicamente no fígado formando o composto 8,9-óxido de aflatoxina B1 ou AFB1-epóxido. Este composto apresenta caráter eletrofílico, logo possui afinidade por sítios nucleofílicos presentes em moléculas como o DNA, RNA e proteínas, reagindo com eles rapidamente através de ligações covalentes. O AFB1-epóxido ao se ligar ao DNA forma adutos, através da ligação dessa substância com guaninas, que são as bases mais susceptíveis a esse ataque. Após sua formação esses adutos podem ser retirados deixando inicialmente sítios vagos no DNA, que posteriormente tendem a ser preenchidos com adenina, consequentemente onde tinha uma guanina agora terá uma timina no lugar. Isso gera um ponto de mutação bastante significativo que pode ser suficiente para a iniciação de um processo cancerígeno. Essa mutação pode alterar a expressão de genes que regulam a diferenciação e o crescimento celular, como genes supressores de tumor. A formação desse aduto pode ocasionar uma mutação, por exemplo, no gene supressor de tumor p53, impedindo a produção da proteína p53. A função dessa proteína é detectar possíveis erros na molécula de DNA, e assim fazer com que eles sejam reparados para que o ciclo celular prossiga. A p53 também atua como ativador transcricional, ativando a transcrição de genes alvos, como o produtor da proteína p21. Essa proteína age como bloqueadora do ciclo celular, e com isso permite o reparo e a eliminação do dano do DNA. Mutações no gene p53 ocasionam perda da sua habilidade transcricional, e a ausência da proteína produzida por ele impedirá o bloqueio do ciclo celular para o reparo de danos no DNA. Isso aumenta a instabilidade genética, pois mutações poderão ocorrer e não serão reparadas, tornando elevadas as chances da célula se tornar neoplásica. O principal tipo de câncer causado pela ingestão de aflatoxinas é carcinoma hepático, câncer de fígado, devido à ativação metabólica dessa substância por esse órgão. Alguns produtos alimentícios a base de amendoim podem vim contaminados com aflatoxinas, a paçoca é um bom exemplo, pois apesar de ser utilizado amendoim torrado para a sua produção, o calor fornecido não elimina a aflatoxina que pode estar presente no amendoim. E para quem gosta de paçoca como eu, fique de olho bem aberto, pois nem sempre as vigilâncias sanitárias cumprem corretamente as fiscalizações. Procure comprar paçocas de marcas mais confiáveis. O exemplo está um pouco antigo, mas em 2004 a anvisa interditou alguns lotes de paçocas que possuíam taxas de aflatoxina acima do permitido, 30 mg/kg. Abaixo está o quadro com os fabricantes que tiveram os lotes de paçocas interditados.
Lotes interditados pela Anvisa |
Fontes: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-89101997000400011&script=sci_arttext
http://www.cib.org.br/pdf/biotech09.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422002000500014
http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/amendoim.asp
http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2004/290104_2.htm
Postado por: Carla Borges Santos