O câncer de próstata é um tipo de doença que atinge em maior quantidade homens com idade avançada. A próstata é um órgão muito susceptível a infecções, principalmente por causa da sua posição anatômica (o simples ato de sentar já pressiona a próstata).
A inflamação na próstata é a principal causa do desencadeamento do câncer. Essa inflamação pode estar relacionada à alimentação, como o consumo excessivo de gorduras, exposições a agentes infecciosos, presença de substancias carcinógenas, por exemplo, 2-amino-1-metil-6-phenylimidazo e 4,5-b piridina (PhIP), que derivam da carne queimada, trauma físico, ação hormonal anormal e a fatores genéticos (DE MARZO, A. M.; PLATZ, E. A.; SUTCLIFFE, S.; XU, J.; GRÖNBERG, H.; DRAKE, C. G.; NAKAI, Y.; ISAACS, W. B.; NELSON, W. G. Inflammation in prostate carcinogenesis), (Figura 1). Em algumas famílias a herança é autossômica dominante e nesse caso, o risco de um homem desenvolver carcinoma prostático se o pai ou um irmão tem o tumor é duas vezes maior. O ácido úrico também pode causar infecções na próstata devido a refluxo de urina ou a infecção urinária. A alta concentração desse ácido produz mais radicais superóxido que causam lesões no DNA das células da próstata.
Figura 1 - Tipos de inflamações na próstata.
Uma das funções das células epiteliais da próstata é de funcionar como uma barreira para agentes infecciosos. Para essa função ser mantida as células danificadas devem ser substituídas por divisão celular, aumentando assim o risco de mutação. Uma das conseqüências da inflamação é a liberação pelas células inflamatórias de compostos altamente reativos, como o superóxido, peróxido de hidrogênio e óxido nítrico podendo causar dano ao DNA das células epiteliais. As células inflamatórias também secretam citocinas que estimulam a angiogênese.
No início da doença não há sintomas, por isso que os exames periódicos devem ser feitos para que a doença possa ser detectada precocemente. Geralmente ela é diagnosticada após um teste de PSA (antígeno prostático específico) elevado ou pelo exame físico (toque retal). Em células normais da próstata o PSA esta com níveis baixos, já em tumores benignos ou malignos seu nível é elevado e se for muito alto é provável que tenha ocorrido metástase linfonodais. As vezes, entretanto, o câncer de próstata causa sintomas semelhantes aos da hiperplasia prostática benigna, que é o aumento da proliferação de células prostáticas (aumento do tamanho da próstata). O PSA é um marcador tumoral, ou seja, uma substância produzida pelo tumor, que é útil na deteção do câncer. Ele é uma serino protease andrógeno-regulada pertencente á familia das calicreínas teciduais e é a principal proteína do sêmem. Há estudos que dizem que o PSA possa estar envolvido no crescimento celular.
Os hormônios sexuais masculinos, apesar de essenciais, também podem estar envolvidos estão envolvidos no desenvolvimento do câncer de próstata, se eles estiverem em níveis aumentados, de acordo com estudos presentes no artigo Inflammation in prostate carcinogenesis. A testosterona é convertida pela enzima 5-a-redutase em um composto mais ativo, a diidrotestosterona(DHT). A DHT e a testosterona vão para o núcleo e ativam os genes relacionados à divisão celular da próstata. A próstata neoplásica possui grande capacidade de reter e produzir elevadas concentrações de 5-2-diidrotestosterona, um hormônio que é necessário para o crescimento e dispersão da maioria das células cancerígenas. Para diferenciar a hiperplasia prostática benigna de uma célula cancerígena compara-se os níveis de PSA. No HPB os níveis são menores do que no câncer, mas maiores do que em células normais. Outro hormônio que pode causar inflamação na próstata é o estrógeno. Uma alta concentração pode afetar o desenvolvimento e crescimento da próstata e causar também PIN. A neoplasia intra-epitelial prostática (PIN) é o mais provável precursor do câncer de próstata. Ela é caracterizada pela proliferação anormal de células nos ductos prostáticos e glândulas, podendo ser até confundida com o câncer.
O tratamento do câncer de próstata é quase sempre por meio de cirúrgica (prostatectomia radical), quando diagnosticado na fase inicial. São exemplos de outros tratamentos, a radioterapia, a hormônioterapia, irradiação interstical e criocirurgia. A orquiectomia bilateral é ainda considerada o principal tratamento endócrino no carcinoma da próstata.
REFERÊNCIAS
DE MARZO, A. M.; PLATZ, E. A.; SUTCLIFFE, S.; XU, J.; GRÖNBERG, H.; DRAKE, C. G.; NAKAI, Y.; ISAACS, W. B.; NELSON, W. G. Inflammation in prostate carcinogenesis. Nature Publishing Group, Londres, v. 7, april, 2007. p. 256-269.
DZIK, C.; SROUGI, M. Dieta e Câncer de Próstata. In:_____Dieta, Nutrição e Câncer. 1.ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2006. p. 231-237.
LAUXEN, P. F. Evolução da neoplasia intra-epitelial prostática. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso em Medicina) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.
LUIGI, B. Câncer Prostático. In:_____Bogliolo Patologia. 7.ed. São Paulo: Ganabara Koogan, 2006. p. 1492.
Postado por: Lara Cristina Ribeiro Pereira
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