Steve Jobs |
O câncer de Pâncreas é uma doença muito agressiva que ocorre mais em idades avançadas e principalmente em homens. O local mais comum de ocorrer é na cabeça do pâncreas e nas ilhotas pancreáticas. Os tipos mais conhecidos de tumores de pâncreas são os tumores exócrinos e os tumores endócrinos. Os tumores exócrinos crescem nos dutos responsáveis pela produção de enzimas que ajudam na digestão e os endócrinos se formam em células especializadas na produção de hormônios, como a insulina e o glucagon (ambos relacionados a diabetes). Entre os exócrinos esta o adenocarcinoma ductal primário, tipo responsável por cerca de 95% dos casos de câncer de pâncreas no mundo e é a forma mais agressiva da doença, pois suas células se multiplicam muito rapidamente. O outro tipo de exemplo de tumor endócrino, bem menos agressivo, é o carcinoma neuroendócrino de pâncreas, que possui desenvolvimento mais lento. Recentemente esse tipo de câncer foi diagnosticado no cofundador da Apple: Steve Jobs. O tumor se desenvolveu na parte endócrina e chegou ao fígado gerando metástase. Outro famoso que também enfrentou uma luta contra essa doença foi Patrick Swayze, ator de Dirty Dance e Ghost.
Patrick Swayze |
Infelizmente, os sintomas dessa doença só aprecem nos estágios mais avançados da doença, que podem ser dor ou icterícia e perda de peso. A perda de peso pode ocorrer pela deficiência de enzimas pancreáticas quando os ductos pancreáticos são obstruídos pelo tumor ocorrendo baixa absorção dos nutrientes.
Os principais fatores relacionados ao câncer de pâncreas são a obesidade, alimentação, como excesso de gordura, diabetes mellitus, erros genéticos e o tabagismo. Existe um motivo comum que pode explicar o câncer de pâncreas na obesidade, na diabetes mellitus e com excesso de comida gordurosa que é a resistência a insulina.
O tecido adiposo libera entre outras substancias peptídeos hormonais como leptina, adiponectina, que podem estimular a angiogênese e aumentar a expressão das metaloproteinases. Ele também leibera resistina, citocinas inflamatórias como o fator de necrose tumoral alfa (TNFa), interleucina-6 (IL-6) e fator transformador de crescimento b (TGF- b). O aumento da liberação de ácidos graxos livres, resistina,TNFa,IL-6 pelo tecido adiposo e a redução da liberação de adiponectina dão origem a resistência a insulina(FONSECA, E. A. I. Influência da Obesidade e da Resistência à Insulina sobre o Desenvolvimento Tumoral: Efeito da Metformina). Normalmente a quantidade de gordura corporal é proporcional ao grau de resistência a insulina. Como a captação de glicose pelos tecidos diminui, o pâncreas passa a secretar mais insulina, essa hiperinsulimia pode gerar o câncer de pâncreas. A insulina promove o crescimento do tumor por estimular o aumento do IGF-1 (fator que estimula o crescimento celular, assim como a insulina) e também é graças a ele que aumenta a síntese de VEGF(fator de crescimento endotelial vascular) podendo causar a angiogênese. Na obesidade são gerados vários tipos de radicais livres que podem danificar o DNA gerando uma mutação.
De acordo com os estudos da autora Maria Adelaide A. Pereira do artigo Diabetes mellitus e carcinoma ductal de pâncreas, a diabetes mellitus pode tanto induzir ao câncer de pâncreas como o câncer de pâncreas pode induzir a diabetes mellitus. O câncer de pâncreas pode desencadear a diabetes mellitus pelo aumento da produção, pelas células beta da ilhota pancreática, do polipeptideo pancreático amilina secretado em quantidades equimolares a insulina em resposta a elevação da glicemia. Em pacientes com câncer de pâncreas a produção de amilina aumenta sem que a de insulina aumente também. A amilina inibe a síntese de glicogênio hepático e provoca resistência à insulina, por isso ela pode ser uma das responsáveis pelo câncer de pâncreas. Já a diabetes mellitus pode também ser um fator de risco para o desencadeamento do câncer de pâncreas. Isso pode ocorrer pela hiperplasia das células das ilhotas beta. Um tumor nessas células causa o hiperinsulinismo e junto com o aumento da expressão de receptores de IGF-1 pode promover o crescimento de células portadoras de mutações.
A ativação do gene K-ras no códon 12, a mutação do gene p53 no cromossomo 17 e uma expressão exagerada do receptor de VEGF são as principais causas relacionadas ao câncer de pâncreas. Outras causas estão relacionadas a deleções de genes de supressão tumoral que resultaram na perda do gene do retinoblastoma e no gene da polipose adenomatosa coli (APC). Esses genes codificam enzimas que reparam alterações do DNA potencialmente patológicas que ocorrem durante a replicação do material genético.
Os dois principais carcínogenos que provavelmente são responsáveis pelo carcinoma pancreático são o benzo-a-pireno e as nitrosaminas tabaco-específicas, ambos presentes no cigarro, que chegam ao pâncreas tanto pelo sangue quanto pela bile entrando em contato com o ducto pancreático. Ao entrar na célula são alterados por processos metabólicos. As enzimas pertencentes à classe do citocromo P-450(Cyps) são as responsáveis por oxidar os HAPs(hidrocarbonetos aromáticos policíclicos) e converte-los em moléculas fáceis de serem excretadas para não prejudicar a célula. Entretanto, quando os hidrocarbonetos policíclicos são oxidados eles se tornam moléculas altamente reativas com o DNA e assim podem causar mutações (figura 2). A função principal das enzimas P-450 de livrar a célula desses compostos é invertida ao transformar os HPAs, que eram procarcinógenos quimicamente inertes e não reativos,em carcinógenos terminais altamente reativos podendo atacar diretamente o DNA. Mesmo a estrutura das bases viradas para dentro na hélice dupla de DNA ser uma proteção dos ataques de agentes químicos, os HAPs possuem a capacidade de formar ligações covalentes com várias bases, formando um aduto de DNA. Os carcinógenos terminais são extremamente reativos e possuem tempo de vida muito baixo, por isso atacam as primeiras células onde entram.
Figura 2 - Metabolismo do benzo-a-pireno.
Um dos tratamentos é com o uso de cirurgia, se a doença estiver no início, por isso ela possui alta taxa de mortalidade. Pode-se retirar o pâncreas inteiro ou caso a doença tenha se espalhado retirar a vesícula biliar, o duodeno, parte distal do estomago e parte do fígado.
REFERÊNCIAS
DAHELE, M.; FEARON, K. C. H. Imunomodulação lipídica e câncer. In:_____Dieta, Nutrição e Câncer. 1.ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2006. p. 679-688.
FONSECA, E. A. I. Influência da Obesidade e da Resistência à Insulina sobre o Desenvolvimento Tumoral: Efeito da Metformina. 2010. 40f. Tese (Mestrado em Farmacologia) – Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo.
LUIGI, B. Câncer de Pâncreas. In:_____Bogliolo Patologia. 7.ed. São Paulo: Ganabara Koogan, 2006. p. 1492.
PEREIRA, A. A. M. Diabetes mellitus e carcinoma ductal de pâncreas. 2002. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia vol.46 no.6 São Paulo
Postado por: Lara Cristina Ribeiro Pereira
FONSECA, E. A. I. Influência da Obesidade e da Resistência à Insulina sobre o Desenvolvimento Tumoral: Efeito da Metformina. 2010. 40f. Tese (Mestrado em Farmacologia) – Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo.
LUIGI, B. Câncer de Pâncreas. In:_____Bogliolo Patologia. 7.ed. São Paulo: Ganabara Koogan, 2006. p. 1492.
PEREIRA, A. A. M. Diabetes mellitus e carcinoma ductal de pâncreas. 2002. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia vol.46 no.6 São Paulo
Postado por: Lara Cristina Ribeiro Pereira
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