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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Álcool e Câncer



E aí galera da cachaça! Vou falar hoje sobre a possível influência do álcool no desenvolvimento de câncer. Primeiramente, faz-se necessário elucidar que o tipo de bebida alcoólica ingerida é um forte determinante da possibilidade de carcinogênese. Além disso, evidências diversas na literatura indicam que a ingestão de álcool em doses reduzidas pode ter efeito atenuante sobre a ação carcinogênica do álcool. Entretanto são apenas evidências, e atualmente não são consideradas suficientes para se classificar a ingestão de bebidas alcoólicas em baixas doses como forma preventiva de câncer.

Os principais tipos de câncer relacionados ao uso crônico de álcool são: câncer de boca, esôfago, faringe, laringe, fígado e mama. O desenvolvimento desses cânceres são resultados da metabolização do álcool no organismo.

Nesses 2 próximos parágrafos irei mostrar de forma sucinta a metabolização do álcool.

A maior parte do etanol ingerido sofre metabolização hepática pela ação da enzima álcool desidrogenase (ALDH), que converte o etanol em acetaldeído, conforme pode ser visto na figura acima. O acetaldeído produzido é convertido em acetato pela ação da enzima acetaldeído desidrogenase. A maior parte do acetato produzido é liberada na corrente sanguínea, onde pode atingir várias partes do organismo para participar de outras vias metabólicas.

Há também uma metabolização alternativa do álcool: o sistema de enzimas microssomais alternativas, que converte o etanol em acetaldeído pela ação do citocromo P450 2E1 ou CYP2E1 presente nas células do fígado.

Mas como o álcool pode afetar de fato o desenvolvimento do câncer? 

Há, em geral, dois tipos de estímulos induzidos pelo álcool que podem contribuir para o processo de carcinogênese:

estímulos iniciadores ou mutagênicos: fatores que modificam a informação genética da célula (ex: vírus, radiação, substâncias químicas).
estímulo promotores: fatores que estimulam a proliferação celular e geralmente não são mutagênicos (ex: ação de hormônios, inflamação crônica, substâncias químicas).

Tais estímulos combinados podem determinar o processo de oncogênese química, depende de tais estímulos, uma vez que é um processo sequencial que ocorre em 2 etapas: a etapa de iniciação (devido a estímulos iniciadores) e a etapa de promoção (devido a estímulos promotores). Aí é que está! Como já sabemos, o câncer é resultado de modificações genéticas que produzem alteração nos processos de controle de proliferação celular bem como diferenciação e controle da morte celular, o que define a carcinogênese


Certos metabólitos do álcool possuem efeito iniciadores e também promotores. A dose e o tipo de bebida influenciam criticamente no processo de oncogênese.

A metabolização do álcool pode gerar radicais livres e levar à oncogênese. Mas primeiro: o que são radicais livres? Os radicais livres são fragmentos moleculares com grande capacidade reativa e alguns deles são liberados no processo de metabolização do etanol. Evidências na literatura sugerem que o acetaldeído é o metabólito responsável pela gênese de tais radicais, sendo que há amplificação de seus efeitos com o uso excessivo de álcool, pois tal abuso de álcool promove o acúmulo de acetaldeído. Outro fator que promove o acúmulo de acetaldeído é uma isoforma de enzima acetaldeído desidrogenase - a ALDH2 - que tem menor eficiência na conversão do etanol a acetaldeído e é predominante na população japonesa e chinesa.

Em segundo lugar: como isso pode afetar o meu desempenho celular?
Os danos oxidativos provocados pelos radicais livres induzidos nas células e tecidos têm sido relacionados com a etiologia do câncer, uma vez que o alvo dos radicais livres pode ser a molécula de DNA. Tal dano pode induzir processos de mutagênese e carcinogênese.
Todos esses sinais descritos são mediados por proteínas que são moléculas essenciais para o funcionamento de qualquer célula.



- Ah meu Deus, e agora? Todas as bebidas alcoólicas que eu tomar podem ser um fator de câncer? 
O tipo de bebida é essencial para detectar o quanto dessa bebida afeta nos processos de carcinogênese. 
O câncer de trato digestivo alto e a dose de álcool ingerida possuem uma relação que segue uma curva de dose-efeito bem estabelecida, sendo que o aumento na dose implica maior risco de uma forma definitiva de desenvolvimento da doença. Pode-se concluir tal relação de acordo com o gráfico abaixo:


Entretanto, o tipo de bebida também é forte determinante da ação do álcool sobre a carcinogênese. O surgimento ou não do câncer se deve a um balanço entre a quantidade de fatores iniciadores e promotores versus fatores de proteção. Como exemplo da influência do tipo de bebida ingerida, podemos citar o vinho, que possui em sua composição o Reservatrol, o qual manifesta ação protetora sobre os efeitos do álcool.  Além disso, há flavonoides no vinho, que possuem potente ação antioxidante, prevenindo o material genético das células dos danos oxidativos que podem ser decorrentes de metabólitos do álcool.

De qualquer maneira o excesso de álcool pode promover o desenvolvimento de câncer. Dessa forma ele acaba se tornando um fator de risco para o desenvolvimento de câncer. Devemos tomar cuidado em todas as áreas da nossa vida para não exagerar na dose em nenhuma delas. Por isso um hábito mais saudável diminui os fatores de risco relacionados ao câncer.

Referências bibliográficas



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